domingo, julho 29, 2007

NOITE DE SHEHERAZADE


A Sala São Paulo, linda, lotada.

O maestro Roberto Minczuk rege a Orquestra Acadêmica, com jovens brasileiros e estrangeiros, desde 12 anos de idade, com apenas 10 dias de ensaio.

Repetição do último concerto do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. O maestro nos presenteia com três peças magníficas:

- Dom Juan, Opus 29 - RICHARD STRAUSS

- Who cares if she cries II? - da brasileira JOCY DE OLIVEIRA, com a soprano Gabriela Geluda - uma jovem cantora, maravilhosa.

- Sheherazade, Opus 35 - NIKOLAI RIMSKY-KORSAKOV.

Com Dom Juan, a sensualidade.

Na segunda peça, o descompasso, a quebra do significado, a surpresa.

Com Sheherazade, o sonho, a magia.

Que noite dos deuses!

sábado, julho 28, 2007

VOLEI - OURO NO PAN


VIVA O TIME DE BERNARDINHO!!!!!!!!!!!!!!

Viva o time brasileiro!

É uma alegria torcer por esse time!

Salve o levantador Marcelinho, os pontas Dante e Giba, os centrais Gustavo e Rodrigão, o oposto André Nascimento e o líbero Escadinha. E todo o time!

Me lembro de quando Bernardinho jogava, o time começou a fazer lenda com Renan, Bernard, William e Xandó; foi Bernard que criou o saque "jornada nas estrelas". Hoje, jogadores do mundo inteiro jogam o "jornada". Já fizemos história no volei mundial.

sexta-feira, julho 27, 2007

O ROUXINOL


ODE TO A NIGHTINGALE *
John KEATS

I

My heart aches, and a drowsy numbness pains
My sense, as though of hemlock I had drunk,
Or emptied some dull opiate to the drains
One minute past, and Lethe-wards had sunk:
’Tis not through envy of thy happy lot,
But being too happy in thine happiness,-
That thou, light-winged Dryad of the trees,
In some melodious plot
Of beechen green, and shadows numberless,
Singest of summer in full-throated ease.


II


O, for a draught of vintage! that hath been
Cool’d a long age in the deep-delved earth,
Tasting of Flora and the country green,
Dance, and Provencal song, and sunburnt mirth!
O for a beaker full of the warm South,
Full of the true, the blushful Hippocrene,
With beaded bubbles winking at the brim,
And purple-stained mouth;
That I might drink, and leave the world unseen,
And with thee fade away into the forest dim:


III

Fade far away, dissolve, and quite forget
What thou among the leaves hast never known,
The weariness, the fever, and the fret
Here, where men sit and hear each other groan;
Where palsy shakes a few, sad, last gray hairs,
Where youth grows pale, and spectre-thin, and dies;
Where but to think is to be full of sorrow
And leaden-eyed despairs,
Where Beauty cannot keep her lustrous eyes,
Or new Love pine at them beyond to-morrow.


IV

Away! away! for I will fly to thee,
Not charioted by Bacchus and his pards,
But on the viewless wings of Poesy,
Though the dull brain perplexes and retards:
Already with thee! tender is the night,
And haply the Queen-Moon is on her throne,
Cluster’d around by all her starry Fays;
But here there is no light,
Save what from heaven is with the breezes blown
Through verdurous glooms and winding mossy ways.


V

I cannot see what flowers are at my feet,
Nor what soft incense hangs upon the boughs,
But, in embalmed darkness, guess each sweet
Wherewith the seasonable month endows
The grass, the thicket, and the fruit-tree wild;
White hawthorn, and the pastoral eglantine;
Fast fading violets cover’d up in leaves;
And mid-May’s eldest child,
The coming musk-rose, full of dewy wine,
The murmurous haunt of flies on summer eves.


VI

Darkling I listen; and, for many a time
I have been half in love with easeful Death,
Call’d him soft names in many a mused rhyme,
To take into the air my quiet breath;
Now more than ever seems it rich to die,
To cease upon the midnight with no pain,
While thou art pouring forth thy soul abroad
In such an ecstasy!
Still wouldst thou sing, and I have ears in vain -
To thy high requiem become a sod.


VII

Thou wast not born for death, immortal Bird!
No hungry generations tread thee down;
The voice I hear this passing night was heard
In ancient days by emperor and clown:
Perhaps the self-same song that found a path
Through the sad heart of Ruth, when, sick for home,
She stood in tears amid the alien corn;
The same that oft-times hath
Charm’d magic casements, opening on the foam
Of perilous seas, in faery lands forlorn.


VIII

Forlorn! the very word is like a bell
To toil me back from thee to my sole self!
Adieu! the fancy cannot cheat so well
As she is fam’d to do, deceiving elf.
Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades
Past the near meadows, over the still stream,
Up the hill-side; and now ’tis buried deep
In the next valley-glades:
Was it a vision, or a waking dream?
Fled is that music: - Do I wake or sleep?


ODE A UM ROUXINOL *
John KEATS
I
Meu peito dói; um sono insano sobre mim
Pesa, como se eu me tivesse intoxicado
De ópio ou veneno que eu sorvesse até o fim,
Há um só minuto, e após no Letes me abismado:
Não é porque eu aspire ao dom de tua sorte,
É do excesso de ser que aspiro em tua paz –
Quando, Dríade leve-alada em meio à flora,
Do harmonioso recorte
Das verdes árvores e sombras estivais,
Lanças ao ar a tua dádiva sonora.
II
Ah! um gole de vinho refrescado longamente
Na solidão do solo muito além do chão,
Sabendo a flor, a seiva verde e a relva quente,
Dança e Provença e sol queimando na canção!
Ah! uma taça de luz do Sul, plena e solar,
Da fonte de Hipocrene enrubescida e pura,
Com bolhas de rubis à beira rebordada
Nos lábios a brilhar,
Para eu saciar a sede até chegar ao nada
E contigo fugir para a floresta escura.
III
Fugir e dissolver-me, enfim, para esquecer
O que das folhas não aprenderás jamais:
A febre, o desengano e a pena de viver
Aqui, onde os mortais lamentam os mortais;
Onde o tremor move os cabelos já sem cor
E o jovem pálido e espectral se vê finar,
Onde pensar é já uma antevisão sombria
Da olhipesada dor,
Onde o Belo não pode erguer a luz do olhar
E o Amor estremecer por ele mais que um dia.
IV
Adeus! Adeus! Eu sigo em breve a tua via,
Não em carro de Baco e guarda de leopardos,
Antes, nas asas invisíveis da Poesia,
Vencendo a hesitação da mente e os seus retardos;
Já estou contigo! suave é a noite linda,
Logo a Rainha-Lua sobe ao trono e luz
Com a legião de suas Fadas estelares,
Mas aqui não há luz,
Salvo a que o céu por entre as brisas brinda
Em meio à sombra verde e ao musgo dos lugares.
V
Não posso ver as flores a meus pés se abrindo,
Nem o suave olor que desce das ramagens,
Mas no escuro odoroso eu sinto defluindo
Cada aroma que incensa as árvores selvagens,
A impregnar a grama e o bosque verde-gaio,
O alvo espinheiro e a madressilva dos pastores,
Violetas a viver sua breve estação;
E a princesa de maio,
A rosa-almíscar orvalhada de licores
Ao múrmuro zumbir das moscas do verão.
VI
Às escuras escuto; em mais de um dia adverso
Me enamorei, de meio-amor, da Morte calma,
Pedi-lhe docemente em meditado verso
Que dissolvesse no ar meu corpo e minha alma.
Agora, mais que nunca, é válido morrer,
Cessar, à meia-noite, sem nenhum ruído,
Enquanto exalas pelo ar tua alma plena
No êxtase do ser!
Teu som, enfim, se apagaria em meu ouvido
Para o teu réquiem transmudado em relva amena.
VII
Tu não nasceste para a morte, ave imortal!
Não te pisaram pés de ávidas gerações;
A voz que ouço cantar neste momento é igual
À que outrora encantou príncipes e aldeões:
Talvez a mesma voz com que foi consolado
O coração de Rute, quando, em meio ao pranto,
Ela colhia em terra alheia o alheio trigo;
Quem sabe o mesmo canto
Que abriu janelas encantandas ao perigo
Dos mares maus, em longes solos, desolado.
VIII
Desolado! a palavra soa como um dobre,
Tangendo-me de ti de volta à solidão!
Adeus! A fantasia é véu que não encobre
Tanto como se diz, duende da ilusão.
Adeus! Adeus! Teu salmo agora tristemente
Vai-se perder no campo, e além, no rio silente,
Nas faldas da montanha, até ser sepultado
Sob o vale deserto:
Foi só uma visão ou um sonho acordado?
A música se foi – durmo ou estou desperto?


Tradução: Augusto de Campos
(Vialinguagem. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 142-149).




A JOHN KEATS (1795-1821) **
Jorge Luis Borges


Desde o princípio até à jovem morte
A terrível beleza te espreitava
Como a outros tantos a propícia sorte
Ou a má. Nas auroras te esperava
De Londres, entre as páginas casuais
De um dicionário de mitologia,
Nas mais humildes dádivas do dia,
Em um rosto, uma voz, ou nos mortais
Lábios de Fanny Brawne. Ó sucessivo
E arrebatado Keats, que o tempo cega,
Esse alto rouxinol, essa urna grega
São tua eternidade, ó fugitivo.
Foste o fogo. Na pânica memória
Já não és mais a cinza. És a glória.


Tradução: Augusto de Campos

** Poema publicado por Borges em El oro del tigre (1972).
CAMPOS, Augusto. Línguaviagem. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

quinta-feira, julho 26, 2007

I'LL BE SEEING YOU



http://solosong.net/seeingyou/seeingyou.html


I'll be seeing you in all the old familiar places
That this heart of mine embraces all day through
In that small café, the park across the way
The children's carousel, the chestnut trees, the wishing well
I'll be seeing you in every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way
I'll find you in the morning' sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you
I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

domingo, julho 22, 2007

LUTO E VERGONHA


A tragédia do avião da TAM em Congonhas, nesta terça-feira, 17 de julho, deixou uma dor marcada em cada brasileiro e a vergonha por termos permitido isso.

Jorge Forbes escreveu um artigo sobre a tragédia para a Revista da Folha do Jornal FOLHA DE SÃO PAULO, deste domingo:

Dói. Dói muito, como dói. Dói pelos que foram queimados. Dói porque nós sabíamos e deixamos. Dói porque no fundo – todos - apostamos na ficha errada. Dói porque podia não ter doído.

A dor coletiva é diferente da dor individual. O número 170, 180, 200, 200 e pouco, não importa. Em seu anonimato ele nos nomeia. Somos 200, sim, 200 milhões enlutados.

Leia o artigo inteiro clicando no link:

http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=23&i=103

sexta-feira, julho 20, 2007

LIÇÃO DE ARQUITETURA









Uma tarde com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha é sempre uma lição de arquitetura. E as histórias são daquelas que ficam para sempre na memória.

domingo, julho 15, 2007

TERESA SALGUEIRO CANTA MPB


Quem curtia o conjunto MADREDEUS e gostava da voz de Teresa Salgueiro vai ficar suspreso ao escutar seu último CD: VOCÊ E EU.

Teresa canta sambas brasileiros quase sem sotaque. Está uma graça.

Ouça uma faixa que selecionei aqui:
O samba da minha terra; Saudade da Bahia

Curtiu?

quarta-feira, julho 11, 2007

KIRI TE KANAWA E ORQUESTRA OSB


Hoje no Teatro Alfa: a Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Roberto Minczuk, com a soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa - uma das divas do canto lírico internacional.

Um espetáculo maravilhoso!

Mais uma vez minha estrela brilhou, como no último outubro, em Paris. Os ingressos estavam esgotados desde a segunda hora da abertura da bilheteria, há um mês atrás. O BRADESCO, como patrocinador da noite, tinha a maioria dos ingressos para seus convidados e não havia de quem comprar. Fiquei na porta do teatro e eis que surge Luis - até então um ilustre desconhecido, com três ingressos sobrando. Chegou meio sem jeito, com medo de ser confundido com cambista e nos presenteou com os ingressos. Eu e mais um casal ao meu lado fomos os felizardos. Ganhei um lugar na terceira fileira - melhor impossível. E vi que várias cadeiras ficaram vazias pois seu Bradesco deve ter oferecido os ingressos a quem não valoriza essa arte. Um desperdício. Ainda bem que o gerente do Luis lhe deu 4 ingressos e ele resolveu ser o anjo da noite. Assim, eu pude desfrutar de uma noite inesquecível!

Salve KIRI TE KANAWA!!!

É isso aí: as coisas só acontecem quando a gente quer. É a força do desejo!

terça-feira, julho 10, 2007

OS PONTOS ALTOS DA FILP

A FLIP 2007 superou a do ano passado em vários aspectos. Teve mais público, escritores de peso e foi mais animada.

Minha lista dos pontos altos:

- Augusto Boal e Arnaldo Jabor - deram um show sobre Nelson Rodrigues. Jabor, mesmo com uma gravação em vídeo, monopolizou a platéia.

- Coetzee - o sul-africano, Prêmio Nobel, fez uma leitura de trechos do seu próximo livro. Foi uma apresentação muito fria, sem nenhuma interação com a platéia, sem interlocutor, mas de uma performance maravilhosa. Ele é brilhante!

- Nadine Gordimer - sul-africana, Prêmio Nobel, encantou a todos com sua serenidade, simpatia e firmeza aos 80 anos.

- Amós Oz - israelense, brilhante. Fez um bate-bola animado com Nadine.

- Ignácio Padilla e Rodrigo Fresán - mexicano e argentino, participaram da mesa DE MACONDO A McONDO. Fizeram uma bela apreciação da literatura latino-americana. Uma frase de Padilla: La patria de un escritor és su biblioteca.

- Will Self - o britânico mais bem humorado e performático da FLIP.

- O Beijo no Asfalto - leitura da peça de Nelson Rodrigues por jornalistas, músicos, etc. Nelson Motta e Jorge Mautner arrasaram.

- Última mesa com a leitura de um texto escolhido por cada escritor. Cada um leu um trecho do livro que levaria para uma ilha deserta, caso tivesse que escolher um apenas. As escolhas foram muito variadas e inusitadas.

FOI BONITA A FESTA PA!

segunda-feira, julho 09, 2007

MAIS NELSON RODRIGUES


O amor é a arte do lazer. O amoroso precisa de tempo.

O homem começa a morrer na sua primeira experiência sexual.

A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.

Amar é ser fiel a quem nos traiu.

Toda unanimidade é burra.

Deus prefere os suicidas.

A morte é anterior a si mesma.

A cama é um móvel metafórico.

sexta-feira, julho 06, 2007

NELSON RODRIGUES


Não há mulher bonita feliz.

Só os imbecis têm medo do ridículo.

Só os profetas enxergam o óbvio.

O brasileiro é um feriado.

Só acredito em amor que chora.

O ser humano, tal como o imaginamos, não existe.

A multidão foi inventada pelo FLA-FLU.

Quando escrevo as minhas peças, eu condeno todo mundo e a mim próprio.

quinta-feira, julho 05, 2007

COMEÇOU A 5a EDIÇÃO DA FLIP


Paraty está em festa!

A quinta edição da Festa Literária de Paraty começou ontem à noite, um show dançante na praça da matriz, com a Orquestra Imperial e João Donato. Grande show!

Depois de mais de uma hora de show, humor e muita ginga, o bis foi com a maravilhosa música de João Donato: NASCI PARA BAILAR. Todo mundo caiu na dança. O grupo, muito animado, continuu por mais meia hora empolgando a platéia que ficou ali só para bailar. Uma festa deliciosa.

Assista a uma apresentação da Orquestra Imperial, pelo YouTube:

http://br.youtube.com/watch?v=pJm7JaLzm2o&mode=related&search=

Hoje, quinta-feira, teve início as mesas com os autores. As minhas preferidas:

Augusto Boal e Eduardo Tolentino falaram sobre Nelson Rodrigues, o homenageado da FLIP neste ano. Foi incrível! O texto do Boal contando de sua relação com Nelson Rodrigues deixou toda a platéia extasiada. Será publicado no site da FLIP. Se quiser acompanhar os acontecimentos, clique:

http://www.flip.org.br/index1.php3?idioma_new=P

Outro grande momento foi a mesa com o inglês Will Self - de um sarcasmo e humor ímpares. Fez escracho com os colegas da mesa e debatedores da platéia. Ao ser provocado por Jorge Forbes, chamou o cineasta americano Michael Moore (crítico de Bush) de “egoísta total” e “pseudo-político”. JF levantou a bola e ele mandou ver.

A festa promete, pois o time de escritores /autores que está aqui é de primeira:

- 2 Prêmios Nobel: COETZEE e NADINE GORDIMER - ambos sul-africanos

- 20 brasileiros - entre eles ARNALDO JABOR, AUGUSTO BOAL, EDUARDO TOLENTINO, FERNANDO MORAIS e RUY CASTRO.

- 5 africanos, 4 americanos, 3 argentinos, 2 mexicanos, 1 árabe, 1 inglês, 1 indiana e 1 israelense, num total de 38 autores.

A cidade vive a FLIP dia e noite, os bares e restaurantes apresentam música ao vivo, várias programações alternativas, uma festa para desfrutar e gozar.

Amanhã tem mais!

segunda-feira, julho 02, 2007

MEUS AMIGOS

meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam
outra coisa

presença
olhar
lembrança

meus amigos
quando me dão
deixam na minha
a sua mão

(Paulo Leminski)