sábado, setembro 30, 2006

O NOVO CD DE MADELEINE PEYROUX


Half: the perfect world - é o nome do último CD de Madeleine Peyroux.

A voz dessa cantora tem um misto de Billie Holliday, a grande dama do jazz. O CD está delicioso, uma seleção que traz 4 composições suas, alguns clássicos da música americana e uma música francesa. Como passou boa parte da sua vida em Paris, sempre traz uma música de lá em seus discos.

Dentre as várias músicas, destaco a interpretação de Everybod's talking, tema do fime Midnigth Cowboy (Perdidos na Noite, com Jon Voight e Dustin Hoffman, Vencedor de 3 Oscars), um clássico do cinema, de 1969. A interpretação dessa música está original; vale a pena ouvir. Ainda nos leva de volta para aquela época que esse filme nos transporta. Assista a um trailer desse filme e ouça um trecho da versão original.
http://www.imdb.com/title/tt0064665/trailers-screenplay-E17547-10-2

Para você ouvir, escolhi a canção francesa e a canção de Charles Chaplin, que ficou mais triste em sua interpretação, como uma marca.

Clique para ouvir: La Javanaise e Smile

E se quiser saber mais sobre Madeleine Peyroux, entre no site:
http://www.madeleinepeyroux.com/flash_content/main.html

sábado, setembro 23, 2006

FESTA DE ANIVERSÁRIO DO RICARDO


A festa de aniversário do Ricardo é sempre divertida.

Um churrasco à beira da piscina em Atibaia, muito chopp e truco. João e eu fomos os vencedores do dia. Como é bom jogar truco, dar risada, abraçar os amigos queridos, amigos da infância. E muito papo furado, lembranças gostosas de tempos atrás.

Inês e Ricardo, ótimos anfitriões. De quebra, Inês me levou à 26a Festa de Flores e Morangos de Atibaia. Voltei pra casa cheia de morangos, copos-de-leite e orquídeas - as flores que adoro.

Este ano estiveram presentes boa parte da nossa turminha de Itape. Meus compadres Ruy Gordo - Nanão e Walter - Maria; João e Licia; Neto, Ruy e Graça; as irmãs do Ricardo: Angela e Lalo, Márcia e Cícero, Tetê e Cacá, com os filhos, a mãe D. Ligia e Luis Carlos - o Japinha, filho do aniversariante. Letícia, Gene e eu.

O Ricardo é um bom companheiro, ninguém pode negar. Ricardo, é pra você este texto de Manoel de Barros:


Manoel por Manoel

"Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores."

Do livro "Memórias Inventadas", de Manoel de Barros

quarta-feira, setembro 20, 2006

A MAGIA DAS FLORES - JANTAR DOS DEUSES

Ontem, terça-feira, fiz parte de um grupo seleto que degustou as delícias preparadas por André Genesini com essências de flores mágicas. Um jantar delicado e delicioso! Samia Maluf explicava o poder das essências junto com André, que criou as receitas.

O jantar foi uma das programações da exposição A Magia das Flores que acontece no Empório Sta Maria, na Av. Cidade Jardim, SPaulo, com a participação de vários artistas: André Genesini, Mônica Vendramini, Paulo Von Poser, Pedro Sérgio Dória Chaves, Samia Maluf, Sonia Karakas e Vic Meirelles. De 18 a 24 de setembro.

E amanhã você não pode perder esse curso:
Dia 21/09 das 14 às 17 horas Curso de Flores e Sensualidade: uma jornada para a alma. Gastronomia, sensualidade, óleos essenciais e a arte e do bem servir. Com André Genesini e Samia Maluf.
Local: Empório Santa Maria.
Endereço: Av. Cidade Jardim, 790. Cidade Jardim, Zona Sul, São Paulo.
Preço: R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) por pessoa.
Reservas: (11) 3052 2751 Veja as notas e galerias de fotos no GLAMURAMA:
http://glamurama.com.br/notas/ - Festa de Babete (20/09 às 14h)
http://glamurama.ig.com.br/galerias/020001-020500/20418/20418.html

domingo, setembro 17, 2006

PAULINHO DA VIOLA - MEMÓRIAS CANTANDO, CHORANDO...


Não importa o que foi perdido. Importa apenas o seu sorriso e nada mais.
Bom é saber que a solidão é o início de tudo.
(Não quero você assim).

Foi com essa linda canção que Paulinho da Viola começou o show memorável que está fazendo em São Paulo, para inauguração do belo teatro FECAP. Assisti neste sábado ao show e me emocionei com Paulinho, com as músicas, com o grupo.

Cantou músicas menos conhecidas, aquelas que gosta, algumas antigas, novas parcerias e chorinhos lindos. Os chorinhos, instrumentais, com os irmãos Isaías e Israel (bandolim e violão). O conjunto maravilhoso, Cristovão Bastos ao piano e seu filho João Rabelo ao violão. Que time!

Das novas parcerias, uma que fez com Eduardo Gudin - Sempre se pode sonhar - que consta do cd recém-lançado do parceiro. Também nova, a música Talismã, uma melodia de samba antigo, brincadeira que fez para Arnaldo Antunes, que respondeu com uma letra divertida, junto com Marisa Monte. Tirou do baú outra música, de Sidney Miller, e de Cartola a maravilhosa: Fiz por você o que pude
Todo o tempo que eu viver
Só me fascina você,
Mangueira
Guerreei na juventude
Fiz por você o que pude,

Mangueira
Continuam nossas lutas,
Podam-se os galhos, colhem-se as frutas
E, outra vez se semeia
Eno fim desse labor
Surge outro compositor
Com o mesmo sangue na veia

Contou a história que Cartola foi avisado que a palavra GUERREEI era errada e na impossibilidade de colocar outra que ficasse bem na frase, deixou de cantar a música. Disse Paulinho bem-humorado: que mude a gramática - seguido de aplausos da platéia.

Os sambas conhecidos: Dança da solidão, Coração leviano, Tudo se transformou, Coração vulgar e Recomeçar.

A platéia embevecida aplaudiu de pé, e tanto, que mereceu 3 vezes o bis. No primeiro, cantou Para um amor no Recife. No segundo todos sambaram e cantaram Timoneiro: Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...

No último bis voltou só com o violão, desprezou com um sorriso gostoso todos os pedidos e cantou sua favorita (e minha também) Coisas do mundo minha nega: As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender...

É por isso que Paulinho continua sendo meu favorito!

Não dá pra não assistir a esse show. Acho até que vou de novo. Vai ficar por 4 semanas (até 8 de outubro - de quinta a domingo) no Teatro FECAP:
http://www.fecap.br/PortalInstitucional/TeatroFecap/default.html

Um show memorável!!!

sexta-feira, setembro 15, 2006

A MAGIA DO TANGO


Por que Tango? E o samba?

São duas paixões distintas. Sem dizer que para dançar o samba de gafieira usa-se muitos passos de tango. Então não é tão estranho assim gostar de um e de outro.

Quando inauguramos a Rádio Lacaniana, no IPLA, começamos com um programa de tango feito por Edith Martins e narrado por Tetéia, com uma dicção deliciosa. Agora já estamos na quinta edição do programa. Está muito bom. Clique para conferir:

http://www.ipla.org.br/radiolacaniana/radiolacaniana.html

quarta-feira, setembro 13, 2006

O MEDO

A Antonio Candido

"Porque há para todos nós um problema sério...
Este problema é o do medo."
(Antonio Candido, Plataforma de Uma Geração)

Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas
do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

domingo, setembro 10, 2006

CRIMES INUSITADOS

Sequestros não são privilégio de países com problemas econômicos como o Brasil. Hoje, esses crimes inusitados, como nomeia Jorge Forbes, são exemplos do excesso que fazem parte dos nossos dias.

Natascha, uma menina de 18 anos, acaba de sair de um cativeiro onde ficou 8 anos presa por um homem que a sequestrou quando ainda tinha 10 anos.

Como explicar tanto tempo de cativeiro sem fugir?

Jorge Forbes, em um artigo publicado hoje no Caderno Aliás, do ESTADÃO, fala porque Natascha Kampusch interessa tanto a um mundo cativo de cotidianos mal ajambrados.

Leia aqui:
http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=23&i=97

terça-feira, setembro 05, 2006

DRUMMOND

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Ainda que mal

Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

sábado, setembro 02, 2006

SAMBA COM TERESA CRISTINA


Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem .....

Teresa Crstina, seu marido Pedro Miranda e o Grupo Semente fizeram show neste fim de semana no Auditório Ibirapuera.

Eles já tem um público cativo aqui que compareceu em peso, aplaudiu e cantou junto. Também vieram prestigiar a xará Cristina Buarque de Holanda e Monica Salmaso, que subiu ao palco e cantou com Teresa. O bis foi com as duas cantando Chico: de dia sou sua flor; de noite sou seu cavalo...

Sem açucar (Chico Buarque)

Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos

Dia ímpar tem chocolate
Dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate
Dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor
Na presença dele me calo
Eu de dia sou sua flor
Eu de noite sou seu cavalo

A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
Sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira

O samba tem um sabor diferente na voz de Teresa Cristina.