domingo, abril 30, 2006

DIÁRIO DE BORDO


Uma viagem, para ser gostosa, precisa de alguns ingredientes, como trilha sonnora, livros escolhidos, pessoas e lugares. A soma desses componentes determina o sucesso da viagem. Sempre me preocupo com esses detalhes, por isso minhas viagens são únicas e deixam boas lembranças.

A trilha sonora desta viagem é basicamente formada por 2 CDs: Brasileiro - de Roberta Sá e No Direction Home - de Bob Dylan.

Roberta Sá é uma cantora nova que acabou de lançar esse CD, uma dica de meu amigo jornalista e radialista Ruy Moraes. Essa menina canta samba como poucas, sua voz é muito bonita e o repertório delicioso. Canta uma música de Teresa Cristina e Pedro Miranda - LAVOURA - junto com Ney Matogrosso, uma das melhores interpretações do CD. Em breve colocarei essa e outras músicas dela no blog; me faltam recursos técnicos para publicar aqui em Ilhabela.

Bob Dylan é uma paixão antiga. Neste CD duplo, que é a trilha sonora do filme de mesmo nome, dirigido por Martin Scorsese, ele canta algumas de suas canções mais conhecidas de um jeito tão bonito, interpretando e tocando sua gaita como nunca - são interpretações escolhidas de várias gravações antigas, algumas de shows ao vivo. As minhas músicas favoritas dessa trilha:
This land is your land
Don't think twice, it's all rigth
Blowin' in the wind
Mr. Tamborine man
It's all over now, Baby Blue
Desolation road
Like a Rolling Stone

Dos livros que trouxe, o que me fascina nestes dias é o romance que conta o início da psicanálise, unindo Freud, seu professor e amigo - Breuer, Lou Salomé e Nietzsche: QUANDO NIETZSCHE CHOROU. Tem passagens deliciosas, que também pretendo comentar aqui, em breve.

O lugar da temporada: The Capitain's - o bar/quiosque da Cris e do Betão, amigos de Tetéia e Carelli, na areia da praia de Perequê. Uma atmosfera boa, música de qualidade e a hospitalidade do casal é perfeita. Recomendo muito.

Os amigos da temporada: Biga, Cris, Malu, Claudia, Betão, Ronan e Jonny.

Salve Ilhabela!!! Sempre uma bom ponto de chegada.

sábado, abril 29, 2006

UM SONHO EM ILHABELA


Malas prontas para um fim de semana num dos meus lugares preferidos:

Ilhabela!!!

Mia entrou na bolsa e quase veio junto.



Uma janela para o mar.

Um sonho antigo que tenta se concretizar.

De que vale a vida se não sonhamos, se não arriscamos, se não nos jogamos de corpo e alma no que acreditamos?


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis, 14-2-1933

terça-feira, abril 25, 2006

ALMOÇO NO MAM

O parque do Ibirapuera é um lugar mágico.
Hoje foi palco de um almoço de boas-vindas ao Dr. Jaceguai, Coordenador da Saúde do Estado da Paraíba e a comemoração de aniversário do Dr. Ariel, diretor do IPLA.


Milu Vilela veio cumprimentar seu amigo Jorge Forbes e saudar Jaceguai.



Ariel apagou as velinhas rodeado dos amigos e no meio das bandeirinhas que enfeitavam o MAM, onde acontece a exposição 110 Anos de Alfredo Volpi.
São essas coisas que dão a vida um sabor diferente.

É pra Ariel essa música.
Clique para ouvir: To
Os sonhos são como a tradução para uma língua de coisas intraduzíveis de outra; ou como a transposição para linguagem - forçosamente confusa ou complicada - de sentimentos vagos ou complexos, que a redação normal não pode comportar.

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, abril 21, 2006

PARABÉNS RUY - MEU COMPADRE


Hoje comemos a tradicional feijoada da Nanão, comemorando o aniversário do Ruy, padrinho da Letícia. Foi gostoso encontrar os amigos de sempre, de todas as horas, desde a infância. O Ruy adora receber os amigos no seu aniversário.

Isso me fez lembrar do artigo do Contardo Calligaris, da Folha Ilustrada de ontem.

Ele falava de como detestava as festas de aniversário que os adultos faziam pra ele quando criança; que os presentes sempre eram os menos desejados, as guloseimas não eram as preferidas dele. Mas acabava tirando proveito disso - o acontecimento acabava sendo divertido e construtivo. Por que?
Porque descobria assim o que os adultos imaginavam que fosse a felicidade de uma criança e aprimorava seu entendimento do que queriam com ele. Ter acesso ao desejo dos adultos o interessava mais do que bancar o esperto, do que recusar-se a participar das suas encenações.

Calligaris citou uma frase de Lacan que adotou para a sua vida:

Quem mais se engana é quem emprega sua energia para evitar ser enganado.

Acho que isso vale para todos nós. Não viver em função da expectativa do outro. Descobrir o que é que realmente se deseja, como chegar lá e se responsabilizar por esse desejo. Ruy, a vida recomeça a cada dia, a cada aniversário. Busque seu desejo e o sustente. Aposte na sua singularidade.

Dedico a você Ruy, estes aforismos de Fernando Pessoa:

Não há normas. Todos os homens são excepções a uma regra que não existe.

No teatro da vida quem tem o papel de sinceridade é quem, geralmente, mais bem vai no seu papel.

Custa tanto ser sincero quando se é inteligente! É como ser honesto quando se é ambicioso.

A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser homem normal. Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.

Um dos aspectos da desigualdade é a singularidade - isto é, não o ser este homem mais, neste ou naquele característico, que outros homens, mas o ser tão-sómente diferente deles.

E para terminar:

I say to you: do good. Why? What do you gain by it? Nothing, you gain nothing. Neither money, nor love, not respect, nor perhaps peace of mind. Perhaps thou gainest none of these. Why then do I say: do good? Because you gain nothing by it. It is worth doing for this.

(do livro: Aforismos e Afins - Fernando Pessoa; Cia das Letras)

quinta-feira, abril 20, 2006

FREUD - 150


No dia 6 de maio comemoramos 150 anos do nascimento do Pai da Psicanálise: Sigmund Freud.

O Jornal O VALOR ECONÔMICO, publicou hoje, 20 de abril, um caderno especial sobre Freud. O artigo de capa é de Jorge Forbes.

Freud em vez de impor protocolos de conduta a seus enfermos, rendeu-se ao que a clínica lhe mostrava: não existe uma maneira correta de ser feliz, de fazer amor, de ter sucesso, de se alimentar, de pensar. Conclusão: viver para ele é se responsabilizar por suas escolhas, às quais nenhum livro de auto-ajuda, reza, ou pesquisa científica pode poupar.

Escolhi esse trecho do artigo, e deixo o link para que possa ser lido na íntegra.

É só clicar:

http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=23&i=94

quarta-feira, abril 19, 2006

ANDRÉ E ALTA GASTRONOMIA

Delícias para quem seguir a sugestão do Chef. Na Revista Alta Gastronomia de abril, André, muito bem acompanhado, sugere uma entrada, prato principal e sobremesa.


André preparou de entrada: Costeletas de cordeiro com pesto de ervas, mostarda Dijon e amêndoas.

Prato principal: Fetuccine ao vinho de rosas, vinho do porto e shitake.


Sobremesa: o já famoso Mousse de chocolate e cardamomo com molho de baunilha e açafrão.

Na revista você tem a receita passo-a-passo de todos os pratos, também os sugeridos por Luciano Boseggia, meu grande amigo e chef super talentoso, um dos preferidos da gastronomia italiana. Também Marina Moraes ensina suas receitas.

Leia a revista e se delicie que essas receitas já foram aprovadas.

Se quiser ter acesso a outras façanhas de André, clique no site:

www.genesini.com/gastronomia

segunda-feira, abril 17, 2006

BANHO DE CACHOEIRA









Um banho de cachoeira lava a alma!

No sábado de aleluia fui com Alain e Márcia tomar banho de cahoeira em São Pedro. Liege, Maria e Dorothée nos esperaram na chegada à Piracicaba. Fomos para a Cachoeira do Astor.
A energia daquelas águas fez toda a diferença!


Depois, Piapara no tambor,
à beira do Rio de Piracicaba.

Piracicaba que eu adoro tanto; cheia de flores, cheia de encantos.....

Para finalizar a noite, uma balada. Viva a Páscoa!

sexta-feira, abril 14, 2006

A FEBRE DO CONTROLE


A febre do controle está indo cada vez mais longe.
Agora é a vez da vacina anti-Aids, matéria da Revista Época de 10 de abril.
Pessoas que não estão contaminadas, nem tem parentes com AIDS, oferecem-se para testar as vacinas.
É uma necessidade de ter respostas, de saber-se controlado, de ter garantias e não se arriscar.
Não se arriscar. Nunca ou se possível, cada vez menos.

E o que é viver?

É isso aí.

quarta-feira, abril 12, 2006

AMOR LÍQUIDO


Amor Líquido, é o nome de um livro de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, sobre as relações do mundo pós-moderno. Trata do amor, das relações entre as pessoas, do convívio, da paixão, sobre a dificuldade de amar o próximo nos dias atuais. Lançado no Brasil em 2003 por Jorge Zahar, esse autor de 80 anos fala da fragilidade dos laços humanos. Selecionei alguns fragmentos:

Não é verdade que quando se diz tudo sobre os principais temas da vida humana, as coisas mais importantes continuam por dizer?

Não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer.

Em “O Banquete”, Platão dizia: Amar é querer gerar e procriar, e assim o amante busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar. Bauman traduz isso com essas palavras: Não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.

O amor pode ser, e frequentemente é, tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento.

Em sua essência, o desejo é um impulso de destruição. E, embora de forma oblíqua, de autodestruição: o desejo é contaminado, desde o seu nascimento, pela vontade de morrer. Essa é porém, seu segredo mais bem guardado _ sobretudo de si mesmo.

Se o desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua.

Desejo e amor encontram-se em campos opostos. O amor é uma rede lançada sobre a eternidade, o desejo é um estratagema para livrar-se da faina de tecer redes. Fiéis a sua estrutura, o amor se empenharia em perpetuar o desejo, enquanto este se esquivaria aos grilhões do amor.

As coisas mais elevadas não podem ser planejadas. Imediatez é tudo para elas.

A afinidade nasce da escolha, e nunca se corta esse cordão umbilical. A menos que a escolha seja reafirmada diariamente e novas ações continuem a ser empreendidas para confirmá-la, a afinidade vai definhando, murchando e se deteriorando até se desintegrar.

O convívio do “viver juntos”e a proximidade consangüínea são dois universos diferentes, com espaço-tempo distintos, cada qual um universo completo, com suas leis e lógicas próprias.

A proximidade não exige mais a contigüidade física; e a contigüidade física não determina mais a proximidade.

O advento da proximidade virtual torna as conexões humanas simultaneamente mais freqüentes e mais banais, mais intensas e mais breves. As conexões tendem a ser demasiadamente breves e banais para poderem condensar-se em laços.

A realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento.

É isso aí.

terça-feira, abril 11, 2006

NOITE DE CONCERTO

Esta noite assisti a um lindo concerto com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Sob a regência do Maestro Roberto Minczuk, a linda Suite No 1 da Carmem, de Bizet, a Sinfonia No 8 de Dvorák e as Danças Plovitsianas, da ópera Igor, de Borodin, no Teatro A Hebraica, em comemoração à Páscoa Judaica.

Belo espetáculo!

Salve Maestro Minczuk!

domingo, abril 09, 2006

Medicina X Psicanálise

Participei neste sábado de um Colóquio na Escola Brasileira de Psicanálise - SP sobre os Nomes do Pai, uma forma de se falar da Nomeação. A conferência de Jorge Forbes foi maravilhosa. Na primeira parte da sua conferência falou da diferença do fazer do médico e o fazer do psicanalista, em relação ao mal-estar do paciente. Acho interessante reproduzir aqui porque mostra a diferença entre a ética da medicina e a ética psicanalítica:

Como o médico nomeia quando o paciente se queixa?
Ele transforma o que o paciente diz num vocabulário e o acomoda, e de certa forma o conforta, o nomeia.
A medicina dá um nome confortável à dor do paciente, um nome que “acomoda”. O médico nomeia, diz quem é o paciente.
Jorge Forbes antepõe o nome confortável que a medicina dá à nossa dor, ao nome desconfortável que a psicanálise dá.
Uma pessoa vai para uma análise da mesma forma que vai ao médico, quer saber quem ela é, qual a sua justa ação. E quanto mais análise uma pessoa faz, menos ela sabe de si; quanto mais fala do seu nome, mais se sente estranha a ele.
Quando uma pessoa sai da análise, ela sabe o seu nome, mas não sabe o que ela tem a ver com esse nome, porque numa análise esse nome é sem-referência, é uma nomeação.

sexta-feira, abril 07, 2006

Match Point


Dá pra escolher entre o amor e a paixão? Entre o desejo e o querer?

Acho que dá, mas a escolha é sempre um risco, às vezes irreversível. Quando a sorte está do seu lado é possível ter uma chance a mais, ou será questão de saber jogar?

O previsível é sem graça mas é seguro. O risco tem um sabor inigualável, porém, o preço às vezes é muito alto. Viver é saber dosar os opostos, sem deixar de ser ético.

Ética é a grande questão.

Wood Allen fez um filme intrigante. A questão é colocada de uma forma tal que você torce para que o erro não sofra punição como se fosse simplesmente uma questão de ceder ao seu desejo, fato que o isentaria da culpa. Mas será que é isso que está em jogo? Vale a pena ver.